quarta-feira, 29 de julho de 2009

Rebeldia

Recuso-me aos sacrifícios.

Só ao que desejo pertence meu sangue e meu calor.

Sou ovelha, mas sou negra.

terça-feira, 28 de julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Folhas se soltando, muitas orelhas e manchas, muitas manchas. De tinta, de sujeira, do tempo passando. A poeira que encobre as coisas mas que também faz espirrar. E é pra isso que servem os descongestionantes, para que se possa fumar, dizer e apaixonar. Ao cansaço. Por quantos de nós cada um é? A força que infla o peito faz lembrar o atleticano de dois anos, que nem pombo, galo sote e zingador! No canto e no grito, tudo o que se é.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Dormiu pouco na noite anterior e já conhecia a sensação que se acentuava, mais desejosa a cada dia, à espera dos acontecimentos. Naquele dia o tempo estava bom, um calor gostoso mas que pouco valeu por conta do amuamento. Não havia dito nada. Movia-se, no mesmo princípio do dia em que completava as voltas que ainda daria, caso o planeta se acabasse num feriado. E naquele lugar, nos feriados, nada abria. Esperava que alguma coisa fosse dita logo cedo, que é melhor, pensava. Mas é diante da experiência que a linguagem se constrói, para os homens. Os seres de silêncio se conjugam em todos os tempos.

domingo, 12 de julho de 2009

Em algumas manhãs, todo o sentido da vida era molhar terra e sementes e receber o afago do gato, testemunha do mesmo milagre, não manchado pela intenção ou pela necessidade de se explicar. O mesmo gato que agora ouve um discurso sobre a importância de que tratamentos alopáticos não sejam interrompidos e sobre a eficiência de analgésicos e antibióticos. Por ter recebido afago sentia o peso de um amor que lhe abriria à força a boca, a despeito do vômito e da revolta, fazendo descer pela garganta o comprimido.

Violação de direitos

Sim, agora me detenho mais ao significado de ‘direito autoral’, ou ‘intelectual’, como dito em uma notificação. E penso que, para esses seres virtuais que somos, nada disso existe. O entendido de alguns pedaços desse mundo particular que é de todos, às 08h49min a.m, 12 de julho, de 2009, em que, ainda, o que torna possível e compreensível um sou, um poder ser, é o outro, o que, naquele momento ali estava dito, em 1987 e no antes. A inteligência é pedra em que as intelectualidades tropeçam e é na lei que não se infringe que existe o tombo. E quem será responsabilizado pelas infrações ao nosso direito de sentir? Alguns mudos, só o são, por serem surdos.
Voz: Nina Simone
Animação: Peter Lord

A luz oscila. Ainda a mesma das lamparinas, o cheiro fresco da noite e a maresia dos livros. A pele muda, ganha viço de cor retocada, essa arte de colorir. Assim foi feita. Afugentando sonhos e pesadelos. E de palavras.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Desorganização

Era o que disfarçavam as gavetas cuidadosamente limpas e arrumadas. As peças separadas por cores e circunstâncias. Cheirava bem.