segunda-feira, 12 de julho de 2010

Terapeutica minimalista



Alivio comprimido.

domingo, 13 de junho de 2010


São as passagens sabidas de cor que se deve buscar quando a porta frágil se quebra sob a decisão do acaso e oscila, bamba. É a escrita sempre à mercê dos instrumentos.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Doidimai

E da loucura elejo a festa. A que faz do dia 02 de maio o dia mais doido do ano.

sexta-feira, 14 de maio de 2010



Tinha habilidade com o recombinamento das coisas. Cores, peças, épocas, já que algumas vinham das avós e das tias, reconciliadas através das amigas, que levavam a memória dos objetos que davam forma à fumaça daquele cigarro. Muito havia se passado desde o primeiro encontro. Lembraria sempre do cachecol e do medo dos vampiros. Depois, vieram os colares e, em suas contas, os contos, desabafos de amores que ouvia da avó e que minavam dos olhos por ter aquele sorriso, doce, grato. Tentava sorrir assim também, pura sem-graceza. Sabíamos o que nos fazia diferentes e todos os encontros eram cheios de acontecimentos, desde o ferro, usado com brasas, o plástico bolha e, os brincos, nunca tirados, íntimos, desde o primeiro dia. E a irmã. Sua primeira filha que, segundo a mãe, era do pai. Um bom motivo para que todos os de sua família fossem assim, crentes. Todos os seus irmãos e filhas. Menos o eu, por ser filha dela e, a cada enrugar e a cada cicatriz, comprovar que evitar acidentes é possível. E do valioso que é a última rua e o cemitério. Pra poder namorar.

domingo, 25 de abril de 2010


Seguimos por ti e sobre a canoa. À frente iam meus irmãos, eretos, dando força ao movimento que vinha das mãos que se deixavam deslizar por sua superfície naquele contato último de um sentir, anfíbia que era, o cordão a ser cortado, não mais respirar em ti. Acordavam as coisas que ainda dormiam, as barracas, as aves, os pescadores. Muito quente era quando despertou, surpreendida pela noite com lua afiada, cortando com a timidez as nuvens que lhe serviam de concha. E numa tarde seca, nuvens foram flexa, foice, machado e espada, cercando o avião, augurando boas idas e vindas. E é quando cada ferramenta encontra a mão de seu dono que todos se voltam ao mar. Recebendo chão e patrão para criar a carne que comem, se não puderem ir ao mercado. Limpam as vísceras para o sarapatel e pelo nariz entra a mão bruta do seu cheiro, apertando o estomago e o trazendo à garganta, conta, jóia usada em festa, adorno moribundo, digerindo o mundo.

Ate o Fim - Chico Buarque e Ney Matogrosso