domingo, 25 de abril de 2010


Seguimos por ti e sobre a canoa. À frente iam meus irmãos, eretos, dando força ao movimento que vinha das mãos que se deixavam deslizar por sua superfície naquele contato último de um sentir, anfíbia que era, o cordão a ser cortado, não mais respirar em ti. Acordavam as coisas que ainda dormiam, as barracas, as aves, os pescadores. Muito quente era quando despertou, surpreendida pela noite com lua afiada, cortando com a timidez as nuvens que lhe serviam de concha. E numa tarde seca, nuvens foram flexa, foice, machado e espada, cercando o avião, augurando boas idas e vindas. E é quando cada ferramenta encontra a mão de seu dono que todos se voltam ao mar. Recebendo chão e patrão para criar a carne que comem, se não puderem ir ao mercado. Limpam as vísceras para o sarapatel e pelo nariz entra a mão bruta do seu cheiro, apertando o estomago e o trazendo à garganta, conta, jóia usada em festa, adorno moribundo, digerindo o mundo.

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