domingo, 17 de maio de 2009

Respirava com fome o mundo. Na imobilidade adivinhava parentesco com vento, reconhecida a força de fazer e desfazer marés e, da aguinha nascente, surgiam os mares que inundavam e apagavam todo o resto. Da epidemia de dengue restaram a mulher parida e o pequeno homem, insaciável. E uma tarde, também de sábado, em que adormeceram juntos, consolados pela exaustão das fomes não saciadas. Quando aqui chegaram sabiam que seriam vitimados pelos mesmos males que seus antepassados haviam trazido. Mostravam nos olhos a consciência e se nomearem em sonho a quem pudesse reconhecer o sopro em ferida, afago de deus ou de mãe. Sabiam, já, todas as coisas que lhes seriam omitidas.

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