sábado, 25 de abril de 2009

Aos poucos se vão as partes inteiras de mim, preservadas em bordados inacabados, no tecer sem fim do que nunca termina e nesta letra, a que tanto desejei possuir. E agora que acendo essas luzes e suas brasas, ouço a voz da mulher forte e que canta macio a dor do amor. E volto a pensar em você. Há duas noites o encontrei e ouvi sua voz. E também houveram pensamentos sobre o modo como cada um procura organizar o mundo, e cigarros, e música. Tímida, embora ousada e firme. E leve. E de uma doçura tão grande quanto a arrogância, o olhar benevolente. E esse depois de você que veio até mim é o seu antes, aquele em que eu teria sido, gema de ovos de chocolate, combustível para a viagem ao estrangeiro. Mas o olhar era outro, ainda não sabido, não compreendido, era outro. Aproveito o tempo para entender o que em você fez brotar o que de mais vicejante, a rosa, que já houve em mim. Todos os telhados eram jardins. Que força determinou que assim fosse? A ausência só existiu porque foi vista.

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